A elevação do nível do mar em todo o mundo é uma realidade. As cidades litorâneas precisam se adaptar e se preparar para enfrentar este problema. De acordo com o convidado desta semana da Coluna Zampieri, o engenheiro especialista em obras de defesa costeira, Marco Lyra, é imprescindível que o poder público nas esferas federal, estadual e municipal façam um planejamento estratégico para enfrentar os problemas das enchentes e inundações que já estão ocorrendo nas cidades costeiras.
“A forte vocação turística do estado de Alagoas indica a necessidade de adaptação e recuperação das praias alagoanas para enfrentamento dos eventos meteorológicos- oceanográficos extremos, como ressacas e sobrelevações do NMM (marés meteorológicas positivas), cujos efeitos são inundações costeiras e erosão costeira. A atuação de eventos como ciclones extratropicais e sistemas frontais (baixa pressão atmosférica), que geram elevada precipitação, isto é, a conjunção de eventos de enchentes/alagamentos, amplificando os efeitos nas cidades costeiras, principalmente em períodos de maré de sizígia”, explica.
O especialista destaca que a economia do mar é muito forte, com investimentos nessas áreas que vão da microeconomia a macroeconomia. “O setor da construção civil e o mercado imobiliário estão inseridos na macroeconomia dessas áreas. O planejamento estratégico para essas áreas a médio e a longo prazo, deve ser direcionado para garantir a sustentabilidade do litoral. Os riscos para construção e aquisição de propriedades em áreas urbanizadas com forte processo erosivo, é o da desvalorização do imóvel. É importante fazer uma avaliação criteriosa, para avaliar o custo-benefício do investimento, evitando problemas futuros”, afirma Marco Lyra.
Por fim, o engenheiro salienta que existem várias alternativas para obras de engenharia costeira que podem ser utilizadas para proteção costeira das praias. “Em Alagoas, temos bons exemplos de dissipadores de energia de ondas construídos desde 2003 para proteção costeira, cujos resultados positivos, indicam a necessidade de expandir a experiência para outras praias”, ele cita o exemplo de uma instalação em Paripueira, caso inédito a nível internacional. “Após três anos da construção do Dissipador de Energia Bagwall, na praia de Costa Brava, ocorreu o alargamento de 100 metros da faixa de areia, a recuperação da vegetação de restinga e da fauna e a formação natural do campo de dunas. A praia natural está recuperada”, conclui Marco Lyra.